terça-feira, 6 de novembro de 2012

Cordéis sobre Lampião

A chegada de Lampião no Inferno Autor: José Pacheco 


Um cabra de Lampião 
por nome Pilão Deitado 
que morreu numa trincheira 
um certo tempo passado 
agora pelo sertão 
anda correndo visão 
fazendo mal assombra 

Foi ele que trouxe a noticia 
que viu Lampião chegar 
o inferno nesse dia 
faltou pouco pra virar 
incendiou-se o mercado 
morreu tanto cão queimado 
que faz pena até contar 

Morreu mãe de Canguinha 
o pai de forrobodó 
cem netos de parafuso 
um cão chamado Cotó 
escapuliu Boca Ensossa 
e uma moleca ainda moça 
quase queima o totó 

Morreram cem negros velhos 
que não trabalhavam mais 
um cão chamado Traz Cá 
Vira Volta e Capataz 
Tromba Suja e Bigodeira 
um cão chamado Goteira 
cunhado de Satanás 

Vamos tratar na chegada 
quando Lampião bateu 
um moleque ainda moço 
no portão apareceu 
quem o senhor cavalheiro 
moleque eu sou cangaceiro 
Lampião lhe respondeu 
o moleque não sou vigia 
e não sou seu pareceiro 
e você aqui não entra 
sem dizer quem é primeiro 
moleque abra o portão 
saiba que sou Lampião 
o assombro do mundo inteiro 

Então esse vigia 
que trabalha no portão 
dá pisa que voa cinza 
sem fazer distinção 
o cabra escreveu não leu 
a macaiba comeu 
ali não se faz perdão 

O vigia disse assim 
fique fora que eu entro 
vou falar com o chefe 
no gabinete do centro 
por certo ele não lhe quer 
mais conforme o que disser 
eu levo o senhor prá dentro 

Lampião disse vá logo 
quem conversa perde hora 
vá depressa e volte já 
que eu quero pouca demora 
se não me derem ingresso 
eu viro tudo asavesso 
tóco fogo e vou embora 

O vigia foi e disse 
a Satanás no salão 
saiba vossa senhoria 
que aí chegou Lampião 
dizendo que quer entrar 
eu vim lhe perguntar 
se dou-lhe ingresso ou não 

Não senhor Satanás disse 
vá dizer que vá embora 
só me chega gente ruim 
eu ando meio caipora 
eu já estou com vontade 
de botar mais da metade 
dos que têm aqui pra fora 

Lampião é um bandido 
ladrão da honestidade 
só vêm desmoralizar 
nossa propriedade 
e eu não vou procurar 
sarna pra me coçar 
sem haver necessidade 

Disse e vigia patrão 
a coisa vai esquentar 
eu que ele vai se danar 
quando não puder entrar 
Satanás disse é nada 
convida aí a negrada 
e leve o que precisar 

Leve cem dúzias de negros 
entre homem e mulher 
vá na loja de ferragens 
tire as armas que quiser 
é bom avisar também 
pra vir os negros que tem 
mais compadre Lucifer 

E reuniu-se a negrada 
primeiro chegou Fuchico 
com um bacamarte veio 
gritando por Cão de Bico 
que trouxesse o pau da prensa 
e fosse chamar Tangença 
na casa de maçarico 

E depois chegou Cambota 
endireitando o boné 
formigueiro e Trupe Zupe 
e o crioulo Quelé 
chegou Caé e Pacaia 
Rabisca e Cordão de Saia 
e foram chamar Banzé 

Veio uma diaba moça 
com uma caçola de meia 
puxou a vara da cerca 
dizendo a coisa tá feia 
hoje e negocio se dana 
e gritou eita banana 
agora a ripa vadeia 

E saiu a tropa armada 
em direção ao terreiro 
com faca facão e pistola 
canivete e granadeiro 
uma negra também vinha 
com a trempe da cozinha 
e o pau de bater tempero 

Quando Lampião deu fé 
da tropa negra encostada 
disse só na Abissínia 
dá tropa preta danada 
o chefe do batalhão 
gritou de arma na mão 
toca-lhe fogo negrada 

Nessa voz ouviu-se tiro 
que só pipoca no caco 
Lampião pulava tanto 
que parecia um macaco 
tinha um negro nesse meio 
que brigou tomando tabaco 

Acabou-se o tiroteio 
por falta de munição 
mas o cacete batia 
nego rolava no chão 
pau pedra que achavam 
e tudo que a mão pegava 
sacudiam em Lampião 

Chega trás um armamento 
assim gritava o vigia 
trás a pá de mexer doce 
lasca os gamos de caria 
trás um birro de massau 
corre vai buscar um pau 
na cerca da padaria 

Lucifer mais Satanás 
vieram olhar do terraço 
todos contra Lampião 
de cacete vaca e braço 
o comandante no grito 
dizia briga bonito 
negrada chega-lhe o aço 

Lampião pode apanhar 
uma caveira de boi 
e sacudiu na testa dum 
e ele só fez dizer oi 
ainda correu dez braças 
e caiu enchendo a calça 
mais não digo de que foi 

Estava travada a luta 
mais de uma hora fazia 
a poeira cobria tudo 
negro embolava e gemia 
porem Lampião ferido 
ainda não tinha caído 
devido a grande energia 

Lampião pegou um seixo 
e rebateu em um cão 
mas o qual arrebentou 
a vidraça do oitão 
saiu um fogo azulado 
incendiou o mercado 
e o armazém de algodão 

Satanás com este incêndio 
tocou no búzio chamando 
correram todos os negros 
que se encontravam brigando 
Lampião pegou a olhar 
não vendo com quem brigar 
também foi se retirando 

Houve grande prejuízo 
no inferno nesse dia 
queimou-se todo dinheiro 
que Satanás possuía 
queimou-se o livro de ponto 
perdeu-se vinte mil contos 
somente em mercadoria 

Reclamava Lucifer 
horror maior não precisa 
os anos ruim de safra 
e agora mais esta pisa 
se não houver bom inverno 
tão cedo aqui no inferno 
ninguem compra uma camisa 

Leitores vou terminar 
o tratado de Lampião 
muito embora que não possa 
vos dá maiores explicação 
no inferno não ficou 
no céu também não chegou 
por certo está no sertão 

Quem duvidar desta historia 
pensar que não foi assim 
querer zombar do meu eu 
não acreditando em mim 
vá comprar papel moderno 
e escreva paro o inferno 
mande saber de Caim. 




A Chegada de Lampião no Céu

A Chegada de Lampião no Céu
(José Pacheco)

Lampião foi no inferno
Ao depois no céu chegou
São Pedro estava na porta
Lampião então falou:
- Meu velho não tenha medo
Me diga quem é São Pedro
E logo o rifle puxou

São Pedro desconfiado
Perguntou ao valentão
Quem é você meu amigo
Que anda com este rojão?
Virgulino respondeu:
- Se não sabe quem sou eu
Vou dizer: sou Lampião.

São Pedro se estremeceu
Quase que perdeu o tino
Sabendo que Lampião
Era um terrível assassino
Respondeu balbuciando
O senhor... está... falando...
Com... São Pedro... Virgulino!

Faça o favor abra esta porta
Quero falar com o senhor
Um momento meu amigo
Disse o santo faz favor
Esperar aqui um pouquinho
Para olhar o pergaminho
Que é ordem do Criador

Se você amou o próximo
De todo o seu coração
O seu nome está escrito
No livro da salvação
Porém se foi um tirano
Meu amigo não lhe engano
Por aqui não fica não

Lampião disse está bem
Procure que quero ver
Se acaso não tem aí
O meu nome pode crer
Quero saber o motivo
Pois não sou filho adotivo
Pra que fizeram-me nascer?

São Pedro criou coragem
E falou pra Lampião
Tenha calma cavalheiro
Seu nome não está aqui não
Lampião disse é impossível
É uma coisa que acho incrível
Ter perdido a salvação

São Pedro disse está bem
Acho melhor dar um fora
Lampião disse meu santo
Só saio daqui agora
Quando ver o meu padrinho
Padre Cícero meu filhinho
Esteve aqui mas foi embora

Então eu quero falar
Com a Santa Mãe das Dores
Disse o santo ela não pode
Vir aqui ver seus clamores
Pois ela está resolvendo
Com o filho intercedendo
Em favor dos pecadores

Então eu quero falar
Com Jesus crucificado
Disse São Pedro um momento
Que eu vou dar o seu recado
Com pouco o santo chegou
Com doze santos escoltado

São Longuinho e São Miguel,
São Jorge, São Simão
São Lucas, São Rafael,
São Luiz, São Julião,
Santo Antônio e São Tomé,
São João e São José
Conduziram Lampião

Chegando no gabinete
Do glorioso Jesus
Lampião foi escoltado
Disse o Varão da Cruz
Quem és tu filho perdido
Não estás arrependido
Mesmo no Reino da Luz?

Disse o bravo Virgulino
Senhor não fui culpado
Me tornei um cangaceiro
Porque me vi obrigado
Assassinaram meu pai
Minha mãe quase que vai
Inclusive eu coitado

Os seus pecados são tantos
Que nada posso fazer
Alma desta natureza
Aqui não pode viver
Pois dentro do Paraíso
É o reinado do riso
Onde só existe prazer

Então Jesus nesse instante
Ordenou São Julião
Mais São Miguel e São Lucas
Que levassem Lampião
Pra ele ver a harmonia
Nisto a Virgem Maria
Aparece no salão

Aglomerada de anjos
Todos cantando louvores
Lampião disse: meu Deus
Perdoai os meus horrores
Dos meus crimes tão cruéis
Arrependeu-se através
Da Virgem seus esplendores

Os anjos cantarolavam
saudando a Virgem e o Rei
Dizendo: no céu no céu
Com minha mãe estarei
Tudo ali maravilhou-se
Lampião ajoelhou-se
Dizendo: Senhora eu sei

Que não sou merecedor
De viver aqui agora
Julião, Miguel e Lucas
Disseram vamos embora
Ver os demais apartamentos
Lampião neste momento
Olhou pra Nossa Senhora

E disse: Ó Mãe Amantíssima
Dá-me a minha salvação
Chegou nisto o maioral
Com catinga de alcatrão
Dizendo não pode ser
Agora só quero ver
Se é salvo Lampião

Respondeu a Virgem Santa
Maria Imaculada
Já falaste com meu Filho?
Vamos não negues nada
– Já ó Mãe Amantíssima
Senhora Gloriosíssima
Sou uma alma condenada

Disse a Virgem mãe suprema
Vai-te pra lá Ferrabrás
A alma que eu pôr a mão
Tu com ela nada faz
Arrenegado da Cruz
Na presença de Jesus
Tu não vences, Satanás

Vamos meu filho vamos
Sei que fostes desordeiro
Perdeste de Deus a fé
Te fazendo cangaceiro
Mas já que tu viste a luz
Na presença de Jesus
Serás puro e verdadeiro

Foi Lampião novamente
Pelos santos escoltado
Na presença de Jesus
Foi Lampião colocado
Acompanhou por detrás
O tal cão de Ferrabrás
De Lúcifer enviado

Formou-se logo o júri
Ferrabrás o acusador
Lá no Santo Tribunal
Fez papel de promotor
Jesus fazendo o jurado
Foi a Virgem o advogado
Pelo seu divino amor

Levantou-se o promotor
E acusou demonstrando
Os crimes de Lampião
O réu somente escutando
Ouvindo nada dizia
A Santa Virgem Maria
Começou advogando

Lampião de fato foi
Bárbaro, cruel, assassino
Mas os crimes praticados
Por seu coração ferino
Escrito no seu caderno
Doze anos de inferno
Chegou hoje o seu destino

Disse Ferrabrás: protesto
Trago toda anotação
Lampião fugiu de lá
Em busca de salvação
Assassinou Buscapé
Atirou em Lucifer
Não merece mais perdão

Levantou-se Lampião
Por esta forma falou
Buscapé eu só matei
Porque me desrespeitou
E Lucifer é atrevido
Se ele tivesse morrido
A mim falta não deixou

Disse Jesus e agora
Deseja voltar à terra
A usar de violência
Matando que só uma fera?
Disse Lampião: Senhor
Sou um pobre pecador
Que a Vossa sentença espera

Disse Jesus: Minha mãe
Vou lhe dar a permissão
Pode expulsar Ferrabrás
Porém tem que Lampião
Arrepender-se notório
Ir até o "purgatório"
Alcançar a salvação

Ferrabrás ouvindo isto
Não esperou por Miguel
Pediu licença e saiu
Nisto chegou Gabriel
Ferrabrás deu um estouro
Se virou num grande touro
Foi dar resposta a Lumbel

Resta somente saber
O que Lampião já fez
Do purgatório será
O julgamento outra vez
Logo que se for julgado
Farei tudo versejado
O mais até lá freguês.


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História de Lampião 
Site oficial: http://www.infonet.com.br/lampiao/  acesso em 06/11/12 às 19h00
Filme:   http://www.youtube.com/watch?v=WBZmRkaE89U   acessom em 06/11/12 às  19h03

Literatura de Cordel - Origens





A Origem nas Feiras Medievais 

Nossa viagem em busca das origens do cordel começa na Europa, na Idade Média, num tempo em que não existia televisão, cinema e teatro para divertir o povo. A imprensa ainda não tinha sido inventada e pouquíssima gente sabia ler e escrever. Os livros eram raríssimos e caros, pois tinham de ser copiados a mão, um a um. Então, como as pessoas faziam para conhecer novas histórias?
Pois bem, mesmo nos pequenos vilarejos existia um dia da semana que era especial: o dia da feira. Nessas ocasiões, um grande número de pessoas se dirigia à cidade, e ali os camponeses vendiam seus produtos, os comerciantes ofereciam suas mercadorias e artistas se apresentavam para a multidão.
Um tipo de artista muito querido por todos era o trovador ou menestrel. Os trovadores paravam num canto da praça e, acompanhados por um alaúde (um parente antigo dos violões e violas que conhecemos hoje), começavam a contar histórias de todo tipo: de aventuras, de romance, de paixões e lendas de reis valentes, como o Rei Carlos Magno e seus doze cavaleiros.

Para guardar tantas histórias na cabeça, os trovadores passaram a contar suas histórias em versos. Dessa forma as rimas iam ajudando o artista a se lembrar dos versos seguintes, até chegar o fim da história.


Ao final da apresentação, o povo jogava moedas dentro do estojo do alaúde. O trovador, satisfeito, agradecia e partia em direção a 
outra cidade ou da próxima feira.
Material de autoria do  Violeiro Fábio Sombra. Publicado originalmente no folheto “Proseando Sobre Cordel”.

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A origem da literatura de cordel ou folhetos de feira, está diretamente vinculado às folhas volantesou folhas soltas, surgidas em Portugal à partir do séc. XVII, cuja venda e divulgação era privilégio de cegos. Na Espanha, este mesmo tipo de literatura era chamado de "Pliegos Sueltos". Denominação que passou tambem à América Latina, ao lado de "hojas" e "corridos" (naArgentina, México, Nicarágua e Perú). Segundo a folclorista Argentina Olga Fernandez, estas "Hojas" ou "Pliegos Sueltos", divulgados através de "corridos", envolvem narrativas tradicionais e fatos circunstanciais, exatamente como a literatura de cordel brasileira. Na França era a"Litterature de colportage" ou literatura ambulante, mais dirigida ao meio rural na forma de"occasionnels" e nas cidades prevalecia os "canard". Na Inglaterra, folhetos semelhante ao nosso eram correntes e denominados "Cocks" ou "Catchpennies" (eram romances e historias imaginarias) e "Broadsides" (estes, folhas volantes sobre fatos historicos, equivalentes ao nossos folhetos de motivações circunstanciais).
Grifo do autor: Analisando, no dia-a-dia, nas feiras, mercados, rodoviarias e/ou os diversos locais onde a literatura de cordel tem seu espaço garantido, podemos concluir que a mesma usa de uma linguagem puramente popular; algo que consiga penetrar na mente do povo sem muita dificuldade. O seu linguajar, seu modo de narrativa, seu falar peculiar, enfim. O cordel atraves dos tempos foi um veiculo de comunicação destinado unicamente às massas.

O Cordel no Nordeste Brasileiro
A HERANÇA CULTURAL
Na época de sua colonização os Sertões nordestinos,- graças ao seu distanciamento dos grandes centros urbanos e ao total abandono dispensado pelos governos, onde o Coronel proprietário de enormes levas de terras ditava as leis e o modo de vida daquela sociedade, - foram o cenário ideal no qual talhou e fez surgir o homem valente e determinado e, porque não dizer, predestinado a uma história de lutas e inssurreições. Nele, a figura do valentão é peça primordial e atributo necessário à sua sobrevivência. É comum vermos também, como coadjuvante deste tipo nordestino, o fanático religioso que, relegado a tanta fome, sede e abandono resvalou para a aceitação do seu destino com ser predestinado ao sofrimento. Tudo isso graças aos ensinamentos dos primeiros representantes das igrejas que vieram inculcar na mente do nativo sertanejo a força da vingança da justiça divina.
Apesar da herança forte que o homem sertanejo herdou dos seus antepassados, sejam eles índios, negros ou os brancos de além-mar, foi-lhes também deixados a herança cultural da narrativa poética. Nesse espaço, o homem nordestino absorve do colonizador europeu a poesia e a prosa transformado em discurso em meio às multidões onde alí se estaria narrando, a modo de reportagem, algum feito heróico, alguma novidade espetacular, enfim, alguma informação de interesse público. Embora se saiba que, com frequência, estes discursos poéticos eram quase sempre relatando algum feito heróico ou algo espetacular.
No Sertão esta atividade era exercida, na maioria das vezes, pelos cegos cantadores de feira que sempre traziam, não se sabe de onde, as novidades e os feitos de bandos de cangaceiros que empestavam aquela região.
A CHEGADA DO CORDEL NO NORDESTE
O ano de 1830 é considerado historicamente, o ponto de partida da poesia popular nordestina. Tendo como seus primeiros divulgadores os poetas Ugolino de Sabugi e seu irmão Nicandro, filhos do não menos famoso Agostinho Nunes da Costa Teixeira. Estes, os primeiros cantadoresda poesia de pé de parede e dos contos que se faziam acompanhar com o repique da viola, da rabeca, do pandeiro ou até mesmo do ganzá.
Contudo, o movimento editorial do cordel teve início em meados de 1893/1900 e seus maiores divulgadores foram: Leandro Gomes de Barros, de Pombal; Silvino Pirauá, de Patos; Francisco das Chagas Batista, de Teixeira; e João Martins de Ataide, Ingaense.
Nessa época, a literatura de cordel,- que é bom que se acrescente, Poesia, narrativa, popular, impressa – se transformou na coqueluche do nordeste, alcançando quase todos os estadosnordestinos em particular e os de todo o país, de certa forma.

Os Precusores do Cordel
Como fora dito anteriormente, os precursores do Cordel na sua forma de movimento editorial - jáque ele compreende a poesia impressa em forma de folheto - foram Leandro Gomes de Barros, Silvino Pirauá e João Martins de Ataide (isso só para citar os principais).
Os Ciclos do Cordel
Eis abaixo algumas temáticas peculiares à literatura de cordel:
 Romances: histórias de amor não-correspondido, virtudes ou sacrifícios. Alguns títulos: Os Sofrimentos de Eliza ou os Prantos de uma Esposa e O Mal em Paga de Bem.
 Ciclo mágico e maravilhoso: histórias da carochinha, que falam de príncipes, fadas, dragões e reinos encantados. Os mais famosos são O Pavão Misterioso e A Princesa Que Não Torna.
 Ciclos do cangaço e religioso: apresentam o imaginário nordestino ligado a figuras como Lampião, Antônio Silvino, Padre Cícero, Antônio Conselheiro e frei Damião.
 Noticiosos: funcionam como jornais. Mesmo já sabendo o que aconteceu, a população compra o folheto para ler a visão do poeta. As Enchentes no Brasil no Ano Setenta e Quatro e A Criação de Brasília marcaram época.
 Histórias de valentia: apresentam personagens lendários na região, como O Sertanejo Antônio Cobra Choca e O Valente Sebastião.
 Anti-heróis: falam de nordestinos que vencem mais pela esperteza do que pela força. João Grilo e Pedro Malazartes foram imortalizados pelo cordel.
 Humorísticos e picarescos: os mais populares. Contam fatos como A Dor de Barriga de um Noivo e A Mulher Que Trocou o Marido por uma TV em Cores.
 Exemplos morais: deixam uma lição. A Moça Que Bateu na Mãe e Virou Cachorra e A Mãe Que Xingou a Filha no Ventre e Ela Nasceu com Rabo e Chifre em São Paulo são títulos de destaque.
 Pelejas: relatos de cantorias entre repentistas. Os textos são frutos da imaginação do cordelista, como A Peleja de João de Athayde com Raimundo Pelado.
 Folhetos de discussão: apresentam dois pontos de vista sobre uma mesma questão. A Discussão de São Jorge com os Americanos na Lua ou A Discussão de um Fiscal de Feira com uma Fateira são exemplos.
 Outros gêneros: há ainda folhetos de conselhos, profecias, cachorradas, descaração, política, educação e aqueles feitos sob encomenda.


Mais fontes sobre o mesmo assunto:http://www.ablc.com.br/historia/hist_cordel.htm

http://culturanordestina.blogspot.com.br/2007/09/proseando-sobre-cordel.html

http://cordelparaiba.blogspot.com.br/2010/03/historia-da-literatura-de-cordel.html